Enquanto não
encontrarmos esse fio condutor que nos leva a lucidez dentro daquilo que diz
respeito a relacionamento com a arte, tudo será conto infantil, e nos manteremos
superficiais às mudanças, nuances e ao
que tem sido criado hoje em dia.
Dentro do
ambiente eclesiástico muitos já possuem uma dimensão do problema que a divisão
entre sagrado e profano tem causado na vida “corrida” do cristão contemporâneo,
essa conveniência de entender a vida como um "gráfico repaticionado", acaba com
valores de totalidade, como a arte dentro da igreja. A arte é aquilo que
mostra o mundo, que aproxima daquilo que parece distante e obscuro, esse
efeito, é real em todos os ambientes onde se aplica. Mas o relacionamento
cristão e arte ainda geram controvérsias apesar de crermos naquele que é a
expressão mais singular de toda arte.
A sociedade
foi colocando a arte como algo acima dos padrões, espiritualizada e
sobrenatural . Equivocadamente a arte se tornou algo sacro, o artista tem um
tipo de áurea sobrenatural, não que ela não seja , mas porque não todo o resto
da criação? E isso pode ser aplicado em qualquer dos ambientes, mas sem dúvida,
mais latente nos lugares que valorizam mais a espiritualidade, Rookmaaker já
dizia que se a arte não for entendida como algo que revela a realidade da
criação de maneira prática, se ela não for entendida como são outros ofícios
cotidianos, ainda entraremos em colapsos nervosos com alguns pontos
importantes, como com os que estão sendo colocados em questão neste blog. A questão
da música gospel , que não responde a nada de fato, que não define
nada...Somente faz com que a vida se divida ainda mais. O fato é que não assimilamos
a arte como os outros ofícios. Ninguém pergunta a um médico se ele é
cristão antes de se consultar, apenas esperam que ele exerça bem a função para
o qual se designou, assim deve ser nosso relacionamento com a arte e os
artistas, sem preconceitos, entendendo que não há distinções, nem hierarquia
espiritual entre os artistas, dentro do mundo não se pode haver esta diferença
, a arte é um bem comum, é dádiva.
De Toquinho
a Maria Gadu, de Los Hermanos a Diante do trono, de Palavrantiga a Titãs, todos
os artistas estão no mundo com o propósito de exercer o papel revelador da arte
, e independente de questões teológicas, todos podem ser colocados no mesmo pé
de igualdade, ainda que cada um tenham confissões
distintas, todos estão navegando no mesmo barco, apesar dos fins distintos. O senso crítico e a boa análise é que tem sido deixada de lado, alguns tem
um medidor de espiritualidade (extra bíblia) que mede aquilo que vai além do
que se pode ser julgado, podemos analisar apenas o que o artista quer revelar
ou subentender no conteúdo de suas canções, a postura de fé de um artista não
pode ser levada em consideração.
Que possamos usar do bom senso para vivermos, criarmos, pensarmos, tocarmos, pintarmos e por ai vai... Há um ponto comum e bom em meio a tudo que se cria. Nós temos a função de mostrar onde ele está e abrir um caminho mais claro para a redenção e amor. Arte é dádiva!