quarta-feira, 17 de julho de 2013

Brasil e "O evangelho da Matrix"

E mais uma vez aquele antigo discurso ressoa, mais uma vez aqueles brados, mais uma vez aquela gente toda....

Ao fazer uma reflexão sobre a identidade do cristianismo somos surpreendidos com uma série de ruídos e equívocos que vem perdurando e desconstruindo a imagem que o próprio Deus quer refletir em seu povo.  Em uma conversa muito da interessante com uma amiga, chegamos a conclusão sobre certas características desse “quase” que vivemos na fé cristã brasileira. Além de todos aqueles problemas de identidade, essa nossa mania de referenciar espiritualidade apenas com experiências subjetivas e de não deixar com que as escrituras nos mostre qual o nosso papel no meio do mundo de maneira prática, conseguimos identificar um fenômeno que não é novo, mas que é interessante para entendermos a qualidade do cristianismo que temos vivido no Brasil.
 Já ouviu por ai frases como:  “Quero estar além do véu.” “Leva-me a um lugar que eu não conheço...” Não se assuste, eu também já disse essas frases algumas vezes. Problema algum, se considerarmos que a vida espiritual não se resume a vida devocional, que essa “outra realidade” que muitos tem procurado, não revela por completo aquilo que o próprio Deus nos criou para ser. Aqueles que sabem se relacionar com o mundo e que estão envolvidos com ele em todas as esferas de convivência,  que levam a Boa Nova no ato cotidiano.

Chamamos de “ O evangelho da Matrix”. Este filme conta a história de pessoas que são ligadas neuralmente a uma especie de máquina chamada “Matrix”, que os leva a uma outra realidade. O que eu quero dizer com isso? Quero dizer que muitos tem dividido sua vida em duas realidade opostas, assim como no filme,  as experiências vividas em alguns templos (algumas cada vez mais místicas), muitas delas tem confundido a cabeça das pessoas e as fazendo achar que a vida se resume a este “mundo espiritual”. Em João 17.15, Cristo nos revela sobre a importância de considerarmos esta nossa realidade que o próprio Deus criou para que vivêssemos, “Não quero que vos tire do mundo...”. Jesus quase sempre usou esta nossa realidade para falar sobre coisas espirituais (nas parábolas), não duvido que há uma realidade eterna, invisível, com seres eternos e que vai além da nossa compreensão  mas, as escrituras não nos diz para estarmos em condição de fuga dessa realidade e das coisas deste mundo, pelo contrário, ela nos diz para viver uma vida comum e refletir nos nossos atos cotidianos essa Esperança (1 Co.10.31), dando glórias a Deus em todos os nossos ofícios.

Precisamos entender que o templo não é sagrado, que o mundo não é profano, as escrituras não conhecem tal dicotomia, mas que tudo é sagrado, porque tudo foi criado com o intuito de glorificar o próprio Deus, o que tira o foco da real projeção da realidade é a corrupção humana, como diz Chesterton em “Ortodoxia”, a vida é como uma grande corda criada por Deus, ele fez a corda, e o pecado são como nós no meio dessa corda, apesar desses nós, a corda continua lá, do jeito que foi criada, Deus não perdeu o controle da realidade, cabe a nós conhecermos este mundo como um todo, conhecermos sobre o que a Bíblia diz dos valores eternos no meio do mundo.

Ele não nos tirou deste mundo, pelo contrário, ele quer que  estejamos envolvidos sem nos deixar envolver.

Para subverter o mal com a verdade é preciso conhecer que Deus é o dono desta realidade. Quer mudar o mundo? Saia da “Matrix” e reconheça que ser espiritual é conseguir refletir o amor e a razão da nossa esperança para as pessoas no meio do mundo.


Paz e Esperança