E
mais uma vez aquele antigo discurso ressoa, mais uma vez aqueles brados, mais
uma vez aquela gente toda....
Ao
fazer uma reflexão sobre a identidade do cristianismo somos surpreendidos com
uma série de ruídos e equívocos que vem perdurando e desconstruindo a
imagem que o próprio Deus quer refletir em seu povo. Em uma conversa
muito da interessante com uma amiga, chegamos a conclusão sobre certas
características desse “quase” que vivemos na fé cristã brasileira. Além de
todos aqueles problemas de identidade, essa nossa mania de referenciar
espiritualidade apenas com experiências subjetivas e de não deixar com que as
escrituras nos mostre qual o nosso papel no meio do mundo de maneira prática,
conseguimos identificar um fenômeno que não é novo, mas que é interessante para
entendermos a qualidade do cristianismo que temos vivido no Brasil.
Já
ouviu por ai frases como: “Quero estar além do véu.” “Leva-me a um lugar
que eu não conheço...” Não se assuste, eu também já disse essas frases algumas
vezes. Problema algum, se considerarmos que a vida espiritual não se resume a
vida devocional, que essa “outra realidade” que muitos tem procurado, não revela
por completo aquilo que o próprio Deus nos criou para ser. Aqueles
que sabem se relacionar com o mundo e que estão envolvidos com ele em
todas as esferas de convivência, que levam a Boa Nova no ato cotidiano.
Chamamos
de “ O evangelho da Matrix”. Este filme conta a história de pessoas que são
ligadas neuralmente a uma especie de máquina chamada “Matrix”, que os leva a uma outra realidade. O que eu
quero dizer com isso? Quero dizer que muitos tem dividido sua vida em duas
realidade opostas, assim como no filme, as experiências vividas em alguns templos (algumas cada vez mais
místicas), muitas delas tem confundido a cabeça das pessoas e as fazendo achar
que a vida se resume a este “mundo espiritual”. Em João 17.15, Cristo nos
revela sobre a importância de considerarmos esta nossa realidade que
o próprio Deus criou para que vivêssemos, “Não quero que vos tire do mundo...”.
Jesus quase sempre usou esta nossa realidade para falar sobre coisas
espirituais (nas parábolas), não duvido que há uma realidade eterna,
invisível, com seres eternos e que vai além da nossa compreensão
mas, as escrituras não nos diz para estarmos em condição de fuga
dessa realidade e das coisas deste mundo, pelo contrário, ela nos diz para
viver uma vida comum e refletir nos nossos atos cotidianos essa Esperança (1
Co.10.31), dando glórias a Deus em todos os nossos ofícios.
Precisamos
entender que o templo não é sagrado, que o mundo não é profano, as escrituras
não conhecem tal dicotomia, mas que tudo é sagrado, porque tudo foi criado com
o intuito de glorificar o próprio Deus, o que tira o foco da real projeção da
realidade é a corrupção humana, como diz Chesterton em “Ortodoxia”, a vida é
como uma grande corda criada por Deus, ele fez a corda, e o pecado são como nós
no meio dessa corda, apesar desses nós, a corda continua lá, do jeito que foi
criada, Deus não perdeu o controle da realidade, cabe a nós conhecermos este
mundo como um todo, conhecermos sobre o que a Bíblia diz dos valores eternos no
meio do mundo.
Ele
não nos tirou deste mundo, pelo contrário, ele quer que estejamos envolvidos
sem nos deixar envolver.
Para
subverter o mal com a verdade é preciso conhecer que Deus é o dono desta
realidade. Quer mudar o mundo? Saia da “Matrix” e reconheça que ser espiritual
é conseguir refletir o amor e a razão da nossa esperança para as pessoas no
meio do mundo.
Paz
e Esperança