Em busca de
um lugar ao sol, a procura de uma identidade que permita se enxergarem
dignamente, os negros brasileiros, principalmente os jovens, tem procurado
romper com a triste herança histórica e o preconceito. É possível dizer nos dia
de hoje, que existe uma parcela de negros
que tem subvertido todo esse contexto desfavorável , ocupando lugares de
destaque nas universidades, grandes cargos em corporações, e até mesmo em cargos públicos.
Apesar de
saber que esse número são infelizmente uma pequena parcela dentro do país,
muitos tem aberto o caminho em direção a uma nova realidade. O preconceito e a falta
de oportunidade cegam os sonhos mais bonitos daquele jovem “preto do morro” , e as pessoas que se dizem “de bem” se
distanciam tanto, que parece que ele nunca vai poder crescer dignamente na
vida. O fato que a nossa identidade tem se perdido no caminho, não sabemos quem
somos, por isso não sabemos para onde ir. É uma triste verdade mas , muitos dos
nossos negros não se valorizam como pessoa(digo por experiência própria), não
acreditam em seu potencial, seus talentos, alguns até desacreditam de sua
capacidade intelectual, claro, a culpa não é só deles, mas aqueles que escolhem
“se expor” e mostrar à sociedade seu potencial, constroem um caminho promissor
contribuem para o crescimento do país.
Homens como
Joaquim Barbosa, o primeiro ministro reconhecidamente negro no supremo Tribunal
Federal, Martin Luther King, Oprah
Winfrey, Nelson Mandela. Na música, (que vai faltar espaço...): Ray Charlles,
Elza Soares, Gilberto Gil, Stevie Wonder, Emilio Santiago, Jorge Bem Jor entre
muitos outros. Isso sem falar dos músicos desta geração como Seu Jorge, Ellem
Oléria, Nívea Soares, Rappin Hood, Emecida (representando uma gama enorme de
negros na cena do rap nacional), Marcela Vale,
Negra Lee e por ai vai, tem muita preto fazendo barulho no país, gente que construiu uma nova história redescobrindo sua identidade. E
reforçando mais ainda esse nosso passado que é grande parte de tristeza mas que
é cheia de samba, de música de roda, de canção que é trilha para os bons e maus
momentos da vida. A música sempre esteve no sangue do negro brasileiro, os
pioneiros na construção da nossa cultura musical.
E eu, como
menino de cor que sou...Rsrs. Não escapei dessa vontade de cantar a vida.
Resisti por alguns anos, mas o prazer de produzir arte, desenhar, compor, tocar instrumento, foi mais forte. Em
determinado momento da minha caminhada eu escolhi romper comigo mesmo, e me
despir desses problemas de identidade, do medo de mostrar quem eu sou, resolvi
então abrir a janela e mostrar o timbre da minha canção, o teor da minha
poesia, neste período, eu me redescobri como pessoa, até minhas perspectivas
sobre quem é Deus se ampliaram. Os amigos Thiago Celeste, Fabio Huck, Felipe
Gomes, hoje são cúmplices dessa janela aberta que sou hoje, com a banda que
formamos, chamada Carta de Rua (curiosamente...rs), todos temos a oportunidade de
fazer arte sem pensar em nos justificar e sem medo de mostrar quem somos. Tudo
se completou, a partir dai, a vontade de subverter o mundo e seus equívocos,
foi ainda maior.
Quando
quisermos, se assim quisermos, como diz a canção de Marcela Vale, podemos mudar
a realidade da nossa terra, usando a arte, o design, a medicina (sim, a
medicina), os ofícios, os cargos, a academia, enfim, todos esses meios disseminadores
de bons exemplos. Os muros são altos, por isso façamos nossa trajetória escolhendo
o caminho! Deus está com eles, mas com a gente também.
Testando (Ellen Oléria,
2012)
Alô alô som Teste! um, dois, três, (vocalização)
Alô alô som Teste! um, dois, três, testando ! x 2
Alô alô som Teste! um, dois, três, testando ! x 2
Eu, eu não domino a esgrima
Mas minha palavra,
a minha palavra, a minha palavra é afiada e contamina
Minha ginga, meu jeito, minha voz que vem do gueto
Minha raça, minha cara, tua cara a tapa, o meu cabelo crespo
Não ponho na chapa, aguenta a minha marra
Teu cartão não me paga
Mas minha palavra,
a minha palavra, a minha palavra é afiada e contamina
Minha ginga, meu jeito, minha voz que vem do gueto
Minha raça, minha cara, tua cara a tapa, o meu cabelo crespo
Não ponho na chapa, aguenta a minha marra
Teu cartão não me paga
Minha ancestralidade no peito eu não tô te vendendo.. Há
Quem batize minha postura pura malandragem
Mas minha superação foi com muita dificuldade
Não é contando por contar, não é por vaidade
Mas peito pra encarar a vida louca com coragem
Não é pra qualquer um, minha mãe é minha testemunha
o preço, o zelo, o descontentamento
Muita frustração, sem inspiração, sem passe e sem pão
Quem batize minha postura pura malandragem
Mas minha superação foi com muita dificuldade
Não é contando por contar, não é por vaidade
Mas peito pra encarar a vida louca com coragem
Não é pra qualquer um, minha mãe é minha testemunha
o preço, o zelo, o descontentamento
Muita frustração, sem inspiração, sem passe e sem pão
é Mãe não se preocupa eu dou meu pulinhos, eu dou meu jeito
Eu sempre me virei e é claro eu precisei de ajuda
conhece a carne fraca? eu sou do tipo carne dura
Tem gente boa no mundo isso eu já sei
Também vi o lado violento dos que não temem a lei
Tanto faz lei divina, tanto faz lei dos homi
Não importa por roupa chique ou dar seu sobrenome
A mulherada já sabe o cotidiano da rua
Anoiteceu sozinha cê não tá segura
Eu sempre me virei e é claro eu precisei de ajuda
conhece a carne fraca? eu sou do tipo carne dura
Tem gente boa no mundo isso eu já sei
Também vi o lado violento dos que não temem a lei
Tanto faz lei divina, tanto faz lei dos homi
Não importa por roupa chique ou dar seu sobrenome
A mulherada já sabe o cotidiano da rua
Anoiteceu sozinha cê não tá segura
Alô alô som Teste! um, dois, três, (vocalização)
Alô alô som Teste! um, dois, três, testando ! x 2
Alô alô som Teste! um, dois, três, testando ! x 2
Suor e choro a noite é fria
Pra esses lances ninguém nunca está preparado
Depois de um dia duro meu corpo foi travado
Assalto a mão armada
Levaram um violão, o microfone emprestado
eu chorei, eu chorei
Pra esses lances ninguém nunca está preparado
Depois de um dia duro meu corpo foi travado
Assalto a mão armada
Levaram um violão, o microfone emprestado
eu chorei, eu chorei
A bandidagem não acompanhou a estereotipia...
Três garotos tipo de uns 15 anos
Eu nunca vi na área esses garotos brancos
Duas meninas loiras com boné cor de rosa
Reescrevendo as linhas da conhecida história
Três garotos tipo de uns 15 anos
Eu nunca vi na área esses garotos brancos
Duas meninas loiras com boné cor de rosa
Reescrevendo as linhas da conhecida história
Todo mundo conhece essa história, eu já falei
sobre isso também e ela é mais ou menos assim:
sobre isso também e ela é mais ou menos assim:
Andando na rua de noite muita gente branca já fugiu de mim
A minha ameaça não carrega bala mas incomoda o meu vizinho
O imaginário dessa gente dita brasileira é torto
Gritam pela minha pele, qual será o meu fim?
Eu não compactuo com esse jogo sujo
Grito mais alto ainda e denuncio esse mundo imundo
A minha voz transcende a minha envergadura
Conhece a carne fraca? eu sou do tipo carne dura
A minha ameaça não carrega bala mas incomoda o meu vizinho
O imaginário dessa gente dita brasileira é torto
Gritam pela minha pele, qual será o meu fim?
Eu não compactuo com esse jogo sujo
Grito mais alto ainda e denuncio esse mundo imundo
A minha voz transcende a minha envergadura
Conhece a carne fraca? eu sou do tipo carne dura
Alô alô som Teste! um, dois, três, (vocalização)
Alô alô som Teste! um, dois, três, testando ! x 2
Alô alô som Teste! um, dois, três, testando ! x 2
Tá ficando bom mas vai ficar melhor....
Tá ficando bom mas vai ficar melhor....
Tá ficando bom , Tá ficando bom (vocalização)...
Tá ficando bom mas vai ficar melhor....
Tá ficando bom mas vai ficar melhor....
Tá ficando bom , Tá ficando bom (vocalização)...
Tá ficando bom mas vai ficar melhor....
Tá ficando bom , Tá ficando bom (vocalização)...
Tá ficando bom mas vai ficar melhor....
Tá ficando bom mas vai ficar melhor....
Tá ficando bom , Tá ficando bom (vocalização)...
Basalto que emana dos meus poros
A minha consciência é pedra nesse instante x3
Basalto que emana dos meus poros
A minha consc.. consc. consciência NEGRA
A minha consc.. consc. consciência NEGRA
Nívea Soares (Sobre as águas)
Estar aqui é sempre tão
difícil
Olhar em volta e não ver mais que a escuridão
As ondas vem a cada dia sobre mim
Ventos incessantes não me deixam descansar
Mesmo assim estou de pé
Não tenho nada além de um sonho e uma inesgotável fé
Isso me faz insistir em estar aqui
Você sabe, eu quero fazer mais que apenas viver
Não tenho nada além de um sonho e uma inesgotável fé
Isso me faz insistir em estar aqui
Você sabe, eu quero fazer mais que apenas viver
Eu quero andar sobre as águas sem medo de me afogar
Mesmo que os ventos me façam tremer
Olhando em teus olhos
E segurando em Tuas mãos, eu sei que está tudo bem
As ondas tentam me desesperar, me desacreditar
Os ventos dizem que tudo isso é bobagem
E o que vale é a realidade
Mas em Tuas mãos eu posso ter
Força pra seguir e não olhar pra trás
Só quero ouvir Tua doce voz a me dizer:
"Vem sem medo, vem!"
Os ventos dizem que tudo isso é bobagem
E o que vale é a realidade
Mas em Tuas mãos eu posso ter
Força pra seguir e não olhar pra trás
Só quero ouvir Tua doce voz a me dizer:
"Vem sem medo, vem!"
Eu quero andar sobre as águas sem medo de me afogar
Mesmo que os ventos me façam tremer
Olhando em teus olhos
E segurando em Tuas mãos, eu sei
Sim, eu sei, não é ilusão
Eu sei que nossos sonhos são reais
E quando tudo parecer tão frio e só
Me leve em Teus braços e me faz descansar
Eu sei que nossos sonhos são reais
E quando tudo parecer tão frio e só
Me leve em Teus braços e me faz descansar
Eu quero andar sobre as águas sem medo de me afogar
Mesmo que os ventos me façam tremer
Olhando em teus olhos
E segurando em Tuas mãos, eu sei que está
Tudo bem!